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sábado, 11 de janeiro de 2014

Loucos e santos

Escolho meus amigos não pela pele
ou outro arquétipo qualquer,
mas pela pupila.

Tem que ter brilho questionador
e tonalidade inquietante.

A mim não interessam:
os bons de espírito
nem os maus de hábitos.

Fico com aqueles que fazem de mim
louco e santo.

Deles não quero resposta,
quero meu avesso.

Que me tragam dúvidas e angústias
e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco!

Quero os santos, para que
não duvidem das diferenças
e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos
pela alma lavada
e pela cara exposta.

Não quero só o ombro e o colo,
quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto,
não sabe sofrer junto.

Meus amigos são todos assim:
metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis,
nem choros piedosos.

Quero amigos sérios,
daqueles que fazem da realidade
sua fonte de aprendizagem,
mas lutam para que a fantasia não desapareça.

Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância
e outra metade velhice!

Crianças, para que não esqueçam
o valor do vento no rosto;
e velhos, para que nunca tenham pressa.

Tenho amigos para saber quem eu sou.

Pois, os vendo loucos e santos,
bobos e sérios, crianças e velhos,
nunca me esquecerei de que "normalidade"
é uma ilusão imbecil e estéril.