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domingo, 12 de janeiro de 2014

baixo-relevo com heróis (Nichita Stănescu)

Os jovens soldados foram postos na vitrine,
como quando foram encontrados com tiros na testa,
para ser vistos foram postos na vitrine,
fiéis aos seus últimos gestos,
perfil, arma, joelho, seus últimos gestos,
como quando levaram um tiro, sem saber, na testa
ou entre os ombros espadas mais finas
que o dedo de uma criança em direção à lua.
Atrás deles o quartel estava vazio,
cheirando a coturnos, cigarros pisados, janela fechada.
Nas malas de madeira que enchem o quartel,
as alças de ferro ainda balançam,
como as alças de ferro da lua ainda balançam
agora, antes de serem abertas
para se procurar por cartas e fotos envelhecidas
pelo tempo.
Os jovens soldados permanecem encerados,
seus rostos e armas, para brilhar,
encerados para brilhar, encerados
e sentados exatamente como no segundo
em que a vida se rompeu e a morte engoliu o segundo.
Permanecem assim, brilhando sempre,
e nós os respeitamos como a lua
que se levanta no meio da praça.
Para nós que temos a mesma idade que eles,
apesar de estarem há anos na vitrine,
para nós que os capturamos e passamos por eles,
e temos corações que batem, e memória,
memória fresca, fresca demais,
os jovens soldados foram postos na vitrine
imitando uns aos outros,
como se estivessem vivos.