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sábado, 31 de dezembro de 2011

Outro Inverno na mesma alameda de sempre

Sol de Inverno
natureza morta
 a outra para lá caminha

aves arremessadas
ao céu como pedras
do caminho

o vento corre
pelas ruas desertas
paro, escuto e olho, e nada

a chuva promete
as nuvens passam distraídas
e nós vamos com as nuvens

nesta encruzilhada
do presente a que chegamos
perdemos por falta de comparência

ficamos a tiritar de frio
e do  tiroteio nos abrigos das guerras
no tronco nu pulsa-nos um tira-teimas

no inverno a morte é mais fria
é como uma dormência no corpo todo
copo cheio de pedras de gelo

nas árvores, nem flores
nem folhas, nem frutos
daqui vos saúdo últimos resistentes

e sendo assim o conhecimento
é esta luz velada do Inverno
um tempo de misericórdia

Lisboa, 31 de Dezembro de 2012
Carlos Vieira